Sobre o curso: Relações entre Criatividade e Saúde

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APROXIMANDO PSICANÁLISE, ARTES E EDUCAÇÃO ATRAVÉS DA MITOLOGIA GREGA

O curso é uma proposta que se apóia em nossa capacidade de contar histórias, de criar e compartilhar sentidos vitais. Quatro mitos gregos são transformados em capítulos de uma história que apresenta pontos de encontro entre arte, psicanálise e educação. Minotauro, Édipo, Narciso e Medusa se tornam histórias que nos orientam para uma certa qualidade de relação com o outro, com o mundo e com a nossa própria vida.

A produção artística talvez seja uma das vias mais rápidas para a compreensão de que a sensibilidade humana não é uma capacidade inata. Sua hereditariedade depende das nossas experiências pessoais, de hábitos constitutivos e de uma cultura em que estamos imersos, que também cria as possibilidades de nossos contornos.

Devido à mútua dependência entre o indivíduo e a cultura que concorre para a constituição desse indivíduo, as artes muitas vezes são apresentadas como um reservatório humano através do qual esse individuo pode almejar a preservação e ampliação de seus potenciais pessoais, como se houvesse nas artes um sentido evolutivo ou uma espécie de salvação prometida. Veremos porém que é pela constatação e pela incorporação da precariedade humana que a arte se transforma em um exercício fundamental a ser perpetuado, mesmo que possa levar à uma ampliação de nossos potenciais.

Na tradição do aprendizado artístico, daquele que produz arte, “expressar-se” é encontrar um modo de dar continuidade às experiências vividas, de apropriar-se pessoalmente de uma sensibilidade antevista, de alcançar uma certa capacidade pessoal no contato com o mundo. Mas essa produção se estabelece essencialmente como um exercício de passagem, que se concretiza por uma presença sustentada, que cobra uma apropriação pessoal dos potenciais contitutivos da comunicação humana, mas as experiências que o artista vive só podem ser compartilhadas através dos limites impostos pela mutualidade da qual a experiência comunicativa depende.

Assim, o que se preserva através das artes, assim como da psicanálise e da educação é, invariavelmente, o exercício da nossa própria criação e a apredizagem desse exercício como um exercício de comunhão. Desse modo investigaremos em nosso percurso a mútua dependência entre a consciência da precariedade humana e as potências da sensibilidade humana que alimentam as produções artísticas e as tornam úteis no sentido de uma tradição de aprendizado humano.

Os mitos são uma “obra de arte coletiva” forjada pelo nosso hábito de contar histórias e desse hábito, históricamente, surgiram diferentes formas do que hoje chamamos de arte ou de ciência.

Se atentarmos para esse movimento de diferenciação histórica, dizer que a mitologia está ligada à uma tradição oral, por exemplo, não deve nos fazer esquecer que contar uma história implica um corpo vivo, sua postura, seu gesto, seu tom de voz e não apenas a realidade de uma linguagem que em algum momento histórico foi nomeada de linguagem e especificada como verbal.

Poderíamos considerar as artes e a psicanálise portanto, como derivadas do exercício que cria mitos, das fabulações que nos compõem nos ateliês e consultórios enquanto seres que almejam conhecer-se e viver o melhor de si mesmos. As artes assim como a psicanálise dependem de uma certa tradição de contato humano, enquanto recurso criativo, curativo e profilático na manutenção de uma cultura da nossa sensibilidade e para a qual as expressões escritas, desenhadas, concretizadas de algum modo em algum meio, são mais um apoio do que um fim.

Portanto, em nosso percurso de aprendizagem, investigando as distintas maneiras como nos constituímos através de nosso contato com a presença viva de um mundo que nos chega e como nos tornamos capazes de vivê-lo como uma experiência pessoal, decobrimos que para pensar e conhecer o que é arte, psicanálise ou educação será preciso fazer como as crianças: brincar e contar um pouco mais.

Mais informações sobre o curso

 

Prof. Breno Carneiro de Menezes

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