O Mito. Caminho para fora da escuridão e abertos à mudança e desenvolvimento psíquico: Édipo torna-se compreensível?
Freud (1856-1937), que chegou a um novo modelo da psique, desde então, o mito grego tem detido um lugar privilegiado na Psicologia. A Grécia nos oferece uma oportunidade de revermos as nossas mentes e a nossa psicologia através de lugares e pessoas imaginários. Uma boa parte do pensamento grego está ao mesmo tempo muito distante de nós e muito próximo, no sentido em que se depare também com estes problemas.
Freud (1900) viu os mitos, tal como os sonhos, como expressões codificadas do inconsciente; no entanto, ao contrário dos sonhos, eles são partilhados em público. Freud afirma que se puderem ser os mitos compreendidos, nós ganhamos acesso ao nível da mente humana que é a chave para a saúde mental. Os mitos são uma pista para a nossa própria história psíquica. Falo do mito de Electra, que amava tanto o pai que matou a mãe, e o mito de narciso, que gostava tanto de si próprio que voltou as costas à vida social. Freud nas suas últimas obras utilizou as palavras gregas Eros e Thanatos como palavras-chave.
A música encantadora de Orfeu (deus da música) pode fazer uma ponte sobre o abismo que separa os homens dos animais. Pode ser uma ponte entre a vida e a morte: o amor combinado com a música desafia a mortalidade. Não é surpresa que poetas e músicos sejam atraídos pelo mito. A música de Orfeu é o poder da civilização grega. Este poder órfico pode vencer a morte.Ainda, Freud tinha estudado a peça de Sófocles “Rei Édipo”. O fascínio que a peça tinha para ele encaixou enetualmente nas suas teorias psicanalíticas. Em 1897 escreveu numa carta: “o poder dominador de Édipo torna-se compreensível … cada membro da audiência era um Édipo em germinação na fantasia.”Então, na sua primeira obra publicada: “A Interpretação dos Sonhos (1900)”, refere como prova virtual a passagem de Sófocles em que Jocasta tranquiliza Édipo: “quanto ao casamento com a sua mãe, nada temas. Muitos homens antes de ti partilharam em sonhos a cama de sua mãe.”
Antes do século XX, o mito de Édipo não tinha atraído atenções particulares. Mas neste século Édipo tem sido talvez o mais estudado e referido de todos os mitos gregos. Isto deve-se em larga medida à focalização feita por Freud em 1900. Mas tem havido outras interpretações muito diferentes do mito de Édipo, que também refletem de forma plausível algumas preocupações contemporâneas.
Alguns descobriram no mito a urgência e até mesmo necessidade do homem em continuar a sua busca, quaisquer que sejam as consequências. Outros observaram o poder do mito no seu sentido de destino e das forças que trazem os acontecimentos á sua conclusão predestinada. Jean-Pierre Vermont (1982) compreendeu o mito de Édipo, indo dos extremos da fortuna, poder e prosperidade aos seus opostos, que é afastado da cidade, levando com ele as pragas e os males do mundo. Assim, o Édipo parece ser o mais afortunado dos homens, porém ele tem de perceber que é de fato o mais desgraçado com a história do seu passado, que ele toma por outra explicação para tudo, totalmente diferente, que toda a sua vida tem sido um enorme círculo que termina com ele sendo marido do ventre de Jocasta em que foi concebido.
Finalizando, para Freud, o mito representa elementos obscuros e irracionais, que uma vez explicados, perdem o seu caráter ameaçador, evaporam-se. Segundo Taplin (1990), para encontrar o caminho nestes elementos míticos coexistentes em nós próprios, o fio condutor pode ser no mito uma maneira de dar forma ao caos e das significado a aspectos da condição humana que não podem ser atingidos pelo discurso científico.
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